sábado, 14 de fevereiro de 2009

" Levantei-me cedo, na esperança de poder aproveitar as primeiras horas da manha para escrever. Quando cheguei perto da minha mesa de trabalho, no terraço, encontrei uma folha presa ao rolo da maquina. Estava escrita. Tirei e li:
« Estou na praia. Se vieres, ensino-te a mergulhar.»
Parei a olhar a olha que ainda segurava nas maos. Depois, aroximei-me do muro e espreitei o mar. O Dunas estava sentado numa rocha, de costas para o areal, fitando-se sabe-se la que nuvem. Uma brisa mais ácida fez-me arrepiar. Por um lado, morria de medo, por outro, nao queria decepcioná-lo nem deixá-lo pensar que eu era cobarde. Olhei a máquinade escrever e achei que a escrita poderia ficar para depois da aula de mergulho, se conseguisse sobreviver..."
O Dunas foi em frente nadando em direcção a nada. Não tinha destino... Mas queria que fosse com ele. Segui-o para não ficar sozinha no meio daquele mar gélido e estranhamente assustador.
Tentei acompanhá-lo mas não estava a conseguir...
As ondas começaram a aumentar de tamanho e estava cada vez com mais medo.
Olhei para todos os lados possiveis e imaginários, para ver se via o Dunas, mas nada dele!
Continuei a nadar na mesma direcção que ele, quando o vi pela última vez. Só havia vazio, só havia tristeza e solidão e nao queria voltar para trás, pois nao queria decepcioná-lo
Continuei. Mas nada me levava a lado nenhum. Parei para pensar um pouco, mas só queria poder voltar a vê-lo.
Sentia o agitar do mar em torno de mim. Sentia o cheiro a marezia inundar-me a alma. Sentia saudades do Dunas... Queria abraçá-lo naquele momento.
Fracasso ou solidão, decidi voltar para trás. A vergonha de desistir atormentava-me... Com medo, vergonha e solidão atravessei de novo o Oceano que Dunas me tinha feito atravessar há muito tempo atrás.
Cheguei ao areal depois de muito esforço físico e psicológico e a primeira coisa que fiz foi olhar á minha volta para ver se havia rasto dele. Mas nada existia... Só queria olhar-lhe nos olhos e perguntar porque razao me teria feito aquilo.
Subitamente tudo escureceu, tudo era preto, e tudo era nada! Tentei esfregar os meus olhos para ver se conseguia limpá-los de tanta escuridão. Ao fazê-lo não toquei nos meus olhos, mas sim nas mãos de alguem.
Alguem com mãos tao macias como as ondas do mar, inundas de cheiro a marezia...
Senti-me segura!
Toquei as mãos desse alguém e virei-me.
Os meus olhos voltaram a ver luz... Os meus olhos voltaram a ver Dunas.
BEIJEI-O!
Sem mais nem menos beijei os seus lábios de mar...
[Tânia Silva]